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Circular da 1ª Análise de Fenótipo e Temperamento no Uruguai

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Mais um grande sucesso CAFIB!

análise uruguai

A crescente paixão internacional pelo melhoramento genético do autêntico Fila Brasileiro vem levando à contínua expansão das fronteiras do CAFIB e, agora, o novo território em que acabamos de fincar nossa bandeira foi o vizinho Uruguai.

O nome oficial desse país é República Oriental Del Uruguay porque ele se situa a leste do Rio Uruguai, palavra de origem guarani, cuja etimologia tem várias versões (Rio dos Lagartos, Rio dos Caranguejos, Rio dos Caracóis), mas cujo significado oficial, ensinado nas escolas locais, é “Rio dos Pássaros Pintados”, em uma referência às múltiplas sombras provocadas na água pelas enormes revoadas das variadas aves que vivem e nidificam perto de suas margens. Já a capital, Montevidéu (em espanhol, Montevideo), deve seu nome ao monte em que ela se localiza, embora também existam duas explicações etimológicas diferentes para a origem da palavra. A primeira, constante do diário de navegação do português Fernão de Magalhães (1480 - 1521) - a serviço do Rei da Espanha, país onde ele era chamado de Fernando, ou Hernando, de Magallanes -, datado de 1520, é a referência a uma colina, ou monte, com a forma semelhante à de um chapéu, que se avista à direita de quem navega pelo Rio da Prata de leste para oeste, e a que se deu o nome de (em tradução livre) “Monte vi eu”, a significar “Eu vi o monte”. Ali, em 1726, foi construído um forte (há muito tempo já desaparecido), berço da futura capital. A outra versão, embora sem respaldo histórico, é a mais difundida e também se refere a esse mesmo sexto monte avistado pelos navegantes que viajam rumo ao poente, registrado, em algarismos romanos, como “Monte VI de Este a Oeste” ou, de forma abreviada, “Monte VI-d-E-O”.

Vale anotar mais algumas informações e curiosidades sobre o Uruguai, onde, em alguns locais de veraneio, como Punta Del Este, o metro quadrado é comercializado a preços escandalosos e as nababescas mansões - geralmente ocupando um quarteirão inteiro -, ao invés de números, recebem nomes. Nesse balneário paradisíaco, diversas propriedades pertencem a políticos e artistas de televisão brasileiros, categorias profissionais que, como se sabe, estão entre as mais bem remuneradas em nossas terras tupiniquins. O Uruguai é o segundo menor país da América do Sul (maior apenas que o Suriname) e classificado como a nação menos corrupta da América Latina (seguido pelo Chile, em segundo lugar). Montevidéu é considerada uma das cidades mais seguras do mundo e também é a primeira das latino-americanas em qualidade de vida. Os uruguaios dão muito valor aos direitos humanos e civis, à liberdade e ao regime democrático, à responsabilidade e à sustentabilidade. Já em 1907, o país foi pioneiro na legalização do divórcio e, em 1927, tornou-se a primeira nação latino-americana a outorgar às mulheres o direito de votar (a primeira a exercer essa prerrogativa foi uma brasileira de 90 anos, que morou durante muitos anos em Cerro Chato). Em 2007, foi o primeiro da América do Sul a legalizar uniões civis entre homossexuais e bissexuais e a permitir a adoção homoparental (proibida pela maioria dos países). Seis anos depois, tornou-se o segundo do continente a oficializar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o primeiro do mundo a estabelecer regras legais para o cultivo, a comercialização e o consumo da maconha (Cannabis sativa). Aliás, maconha é anagrama de cânhamo, outro nome da mesma planta, mas usado quando ela é destinada a inúmeras finalidades permitidas por lei, como na indústria de cosméticos, tecidos, ceras, papéis, combustíveis etc.

Em relação aos animais, o Uruguai ostenta o curioso índice de cerca de três vacas por habitante, pois sua população é de 3,5 milhões de pessoas para um rebanho de mais de 10 milhões de bovinos. E esse país aplica com rigor uma legislação que pune com multa quem maltratar os animais. Não existem índices oficiais de cães por habitante, mas sabe-se que o número é altíssimo e a impressão é de que quase toda a população do país mantém “pets” em suas casas.

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Brasil e Uruguai pelo Fila

Não é, portanto, de se estranhar o interesse dos uruguaios pelo Fila Brasileiro e seu pioneirismo em convidar o CAFIB para promover uma Análise de Fenótipo e Temperamento, em Canelones, próximo a Montevidéu, no dia 19 de novembro de 2016.

O organizador da mostra foi o uruguaio Daniel Balsas, que já visitou diversas vezes o Brasil, tendo, até, trazido vários de seus cães para nossas Análises e Exposições. Ele desenvolveu um programa de criação que lembra um pouco o sistema de integração adotado na avicultura e na suinocultura brasileira. Além dos Filas que mantém em sua própria residência, distribui as matrizes e os filhotes de seu Canil Piedras de Afilar para pessoas conhecidas e acompanha de perto o desenvolvimento e a reprodução desses exemplares nas diferentes casas em que são mantidos.

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Entrega de homenagem a Daniel Balsas

Esse afixo, Piedras de Afilar - que, em português significa pedras de afiar - é o nome de um pequeno povoado, no departamento de Canelones, que ainda conserva sua bucólica estação da estrada de ferro e é conhecido por preservar as ricas tradições campeiras do folclore platino, como as pencas de cavalos (ou corridas em cancha reta, no linguajar gauchesco do Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai) e o preparo do tradicional, e hoje muito raro, “asado en el cuero” (ou churrasco no couro, em que o novilho, recém-abatido e eviscerado, é assado inteiro - a campo, em fogo de chão - utilizando, como meio de cozimento, seu próprio couro, que retém e ferve todos os fluidos, como água, sangue e gordura, deixando a carne bem macia e com sabor característico -, técnica que se diz criada pelos índios dos pampas que, costumavam abater a tiros uma rês desgarrada e, quando precisavam fugir de repente do estancieiro a procura de seu gado arribado, podiam rapidamente enrolar as sobras da refeição inacabada no couro e levá-las em galope disparado). Foi ali, em Piedras de Afilar, que, há muitos anos, o então jovem Daniel Balsas iniciou, em um pequeno sítio, sua criação de Filas, na época, ainda sem muitos critérios técnicos e com um plantel um tanto heterogêneo, até mesmo com alguns cães de pelagem negra. Com o tempo, foi visitando diversos canis, inclusive no Brasil, adquirindo conhecimentos e aprendendo a separar o joio do trigo, processo que, agora, culmina com a realização desta 1ª Análise de Fenótipo e Temperamento do CAFIB no Uruguai.

Seu parceiro na organização do evento foi o brasileiro Carlos Eduardo “Pipico” Gonçalves, do Rio Grande do Sul, que, há alguns anos, deu uma forte guinada na direção de seu antigo Canil Borghetto e passou a seguir as diretrizes de melhoramento genético do CAFIB. Também fizeram parte dessa parceria na Análise os argentinos Ramiro Irigoyen e Lucas Quintero, que prestou valiosa colaboração ao atuar como cobaia nas provas de temperamento e sistema nervoso. Entre os criadores e expositores vindos da Argentina, cumpre ainda registrar a presença de Zenon Gustavo Cousillas e Mariano Arbiza. E, para completar a relação dos colaboradores, é preciso agradecer a Edy Peñalver, responsável pela aparelhagem de som, além de Diego Aguirre, Pablo Mendes, Pablo Orlando, Alvaro Guerrero, Felipe Vals e Matías Balsas, que providenciaram os guarda-sóis, barracas, mesas, cadeiras, bebidas e comidas.

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Geral da análise

O local do evento - La Chacra Lacrosse -, em Canelones, a poucos quilômetros de Montevidéu, foi gentilmente cedido por seu proprietário Raúl Jude Gurmendes, um apaixonado pela raça, que, nos anos 1980, foi buscar seus primeiros Filas no norte de Minas Gerais. Contam que ele, então recém-casado, ao saber que nós, do CAFIB, capitaneados por Paulo Santos Cruz, estávamos realizando uma Análise de Fenótipo e Temperamento em Governador Valadares, prontamente interrompeu sua lua de mel no Rio de Janeiro e começou a empreender uma maratona em que tomou três aviões para seguir rumo ao Vale do Rio Doce e beber, diretamente da fonte, os ensinamentos do “Pai da Raça Fila”. Na euforia daquele momento, acabou não fornecendo muitas satisfações à noiva que, aos prantos no leito nupcial, sentiu-se abandonada, sem saber direito por onde andava o marido. E agora, durante este nosso evento no Uruguai, ele nos mostrou, com orgulho, as relíquias daquela viagem, guardadas carinhosamente. São os dois rascunhos de árvore genealógica, traçados de próprio punho por Paulo Santos Cruz, especificando os ancestrais dos dois filhotes - Volga do Ibituruna e Toro do Ibituruna, apelidado de “Pluto” - que ele acabou adquirindo por lá e cujos Registros de Origem ainda não tinham sido emitidos. La Chacra Lacrosse, flanqueada por árvores centenárias, onde Raúl Jude vive na bela casa construída por seu avô em 1930, e onde continua criando seus Filas, hoje conta com amplas instalações para eventos e dois campos de pólo.

Para esta 1ª Análise de Fenótipo e Temperamento do CAFIB no Uruguai, compareceram 49 exemplares, sendo dois filhotinhos com menos de seis meses de idade. De maneira geral, os Filas desse país são bem típicos e homogêneos. Costumam ser mantidos soltos em áreas espaçosas e, normalmente, não são muito estimulados a manifestar reações agressivas; por isso, quando atacados pelo cobaia, embora não demonstrem medo, olham com certa perplexidade para o dono, como a perguntar o que está acontecendo e como devem proceder. Os proprietários circulavam, tranquilamente, com seus cães ao redor da secretaria, e por todo o gramado, aparentemente sem se preocupar muito com a possibilidade de brigas entre eles ou de ataques às pessoas presentes. Mas, na verdade, o instinto natural da raça continua a existir, mesmo em estado latente, e o próprio Daniel Balsas escapou por pouco de ser mordido, demonstrando surpreendente agilidade ao se esquivar do violento ataque de um Fila a cujo lado ele, inadvertidamente, havia passado.

Com praticamente meia centena de cães em pista, as análises foram conduzidas pelos dois juízes brasileiros convidados, Luciano de Almeida Gavião (Canil Serra Dourada) e Américo Cardoso dos Santos Jr. (Canil Araguaya), que tiveram a sorte de contar com o importante auxílio de dois outros juízes do CAFIB que, por sua própria iniciativa, compareceram ao evento: Jonas Tadeu Iacovantuono e Giovani Éder de Carvalho, ambos de Guaratinguetá (SP). Não fosse por essa providencial presença, as análises teriam se estendido até a noite. Foi igualmente fundamental o suporte, na secretaria e nas fotografias, de Cleide Cocito Cardoso dos Santos (Vargem Grande Paulista, SP), Denise Gavião (Descalvado, SP) e do casal Cíntia e Gerson Junqueira de Barros (Itanhandu, MG), que, da mesma forma, tomaram também a iniciativa de comparecer e colaborar no trabalho.

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Melhores da análise

A alta qualidade de estrutura e tipicidade do plantel uruguaio ficou evidenciada pelo elevado índice de aprovações (beirando os 90%) já nesta primeira Análise, pois apenas cinco Filas foram reprovados, todos por reação desqualificante nas provas de temperamento e sistema nervoso. E, embora essa primeira triagem do CAFIB no Uruguai tenha se limitado a uma avaliação técnica de fenótipo e temperamento, ainda assim, como estímulo aos criadores, resolvemos escolher e premiar, com placas levadas do Brasil, o Melhor Macho e a Melhor Fêmea da Análise: Sultão Piedras de Afilar (criação de Daniel Balsas e propriedade de Frederico Rodrigues) e Zezé Piedras de Afilar (criação e propriedade de Daniel Balsas).

E, para encerrar, não podemos deixar de agradecer o festivo churrasco de recepção que Daniel Balsas proporcionou, em sua casa, para os integrantes do CAFIB, juntamente com os expositores e todos os demais envolvidos no evento, com grande fartura de excelente comida e bebida - como dizem os gaúchos locais: “de engraxar o bigode” - e coroado por um delicioso bolo que dava até pena de partir, pois era artisticamente decorado com o logotipo do CAFIB.

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Criança e Fila, ótimos amigos

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