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Circular Expo Jacareí 2019

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110ª Exposição Nacional do Fila Brasileiro

6ª Exposição do Fila Brasileiro de Jacareí

Fundada há quase 400 anos na bacia do Rio Paraíba do Sul, a cidade de Jacareí tem como um de seus destaques a instalação da primeira confecção de tapetes artesanais do Brasil. Feitos com nós, ao estilo persa, eram vistos em residências da elite brasileira e em palácios governamentais, até em outros países. O antigo prédio que abrigava a “Manufactura de Tapetes Santa Helena” foi tombado, em 1990, pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo. Mas, como, naquela época, ainda não havia sido criado o Registro dos Bens Culturais de Natureza Imaterial, quando a “Manufactura” fechou suas portas, em 1991, o conhecimento técnico de como confeccionar esses chamados tapetes “nodados” permaneceu guardado apenas na memória daquelas antigas tecelãs. Atualmente, um trabalho de pesquisa está empenhado em reunir materiais históricos e pessoas conhecedoras da técnica, com objetivo de resgatar esse tradicional saber. Ele foi retratado pelas empresas Jequitibá Cultural e Vento de Maio – com aporte financeiro da CCR Nova Dutra, pela Lei de Incentivo à Cultura, e com apoio da Fundação Cultural de Jacarehy – que produziram, o documentário “Tecendo Memórias”.

Entre o elenco de curiosidades da cidade desfilam alguns tipos característicos e folclóricos, como o bêbado “Baque-Duro”, o travesti “Maísa” e, principalmente, o violeiro de uma perna só, conhecidíssimo por toda a população como “Tinguera”, apelido que ele considerava um insulto. Seu verdadeiro nome era Justino Ribeiro de Oliveira e, como se autoproclamava o xerife da cidade, sempre portava, em seu paletó surrado, uma estrela de madeira, como distintivo de sua “autoridade”. A história de como esse lendário personagem teve a perna esquerda amputada é controvertida e ele não gostava de abordá-la, mas parece certo que ela foi decepada por uma locomotiva. Instrumentista e compositor, jamais se separava da viola em seu incansável caminhar, apoiado na muleta, pelo centro da cidade, provocando riso em alguns e admiração em outros. Costumava xingar, perseguir e atirar pedras nos pivetes que se divertiam em provocá-lo, chamando-o pelo apelido que ele não suportava ouvir. Tocava viola nos bancos das praças cercado pelos populares que constituíam seu auditório; e alimentava-se basicamente de pão e água, embora, às vezes, vizinhos e amigos lhe levassem café e macarrão (seu prato preferido). Ocasionalmente, e é claro que também à sua revelia, davam-lhe banho e cortavam-lhe a barba e os cabelos. Ele inspirou muitos artistas plásticos, músicos e maestros e foi imortalizado como personagem da cultura jacareiense. Sua personalidade incentivou a instituição do “Prêmio Mestre Cultura Viva” e ele foi homenageado pela Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu com o projeto “Viva Tinguera”. A Fundação também promoveu a exposição “Jacareí – Tons da Minha Terra”, mostrando diversas pinturas tendo como tema personagens locais; e uma dessas telas, retratando o violeiro, enfeita o gabinete do prefeito da cidade. A artista plástica Edna Cassal é a autora do documentário “Seu Justino, o Ribeirinho de Jacareí – A Verdadeira História de Tinguera”, um filme de 45 minutos, constituído por depoimentos e por uma animação intitulada “Tinguera, o Violeiro Errante.” Depois de sua morte, muitos habitantes da cidade passaram a relatar que na rua em que ele morava ainda se costuma ouvir o som cadenciado de sua muleta ecoando ao longo da calçada.

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Passando dessas curiosidades para a criação de animais, a cidade destacou-se pela promoção da FAPIJA – Feira Agropecuária e Industrial de Jacareí, uma das mais importantes do estado e, tradicionalmente promovida pelo Sindicato Rural (até 1968, Associação Rural de Jacareí), na Escola Agrícola, durante três décadas. Em decorrência de uma controvertida ação movida pelo Ministério Público, alegando que a realização do evento incomodava a vizinhança, a 30ª edição da Feira, em 2012, foi suspensa “por execução abusiva de ruídos sonoros até alta madrugada”. Estima-se que o prejuízo decorrente dessa decisão tenha sido de R$ 30 milhões, além da eliminação do trabalho temporário de 2 mil pessoas. Por outro lado, os moradores das casas contíguas ao local reclamavam por não conseguir dormir em decorrência do alto barulho promovido na festa, além de se queixarem de invasões e atos de vandalismo em suas residências, por parte dos que queriam entrar no parque sem pagar o ingresso. Com isso, o Sindicato adquiriu uma gleba com 500 mil m², no bairro Jardim Colônia, para ali instalar sua sede, instituir o Agrocentro e retomar a realização da feira, agora intitulada Jacareí Expo Agro 2019.

E foi nessa área que o CAFIB – Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro realizou, no dia 23 de junho, a 110ª Exposição Nacional do Fila Brasileiro do CAFIB e 6ª Exposição do Fila Brasileiro de Jacareí. Como de praxe nessa cidade, o evento foi organizado por Flávio Pires, do Canil Palmares, e, neste ano de 2019, essa mostra passou a fazer parte do 1º Campeonato Mundial do CAFIB, iniciado no mês de abril, em Itanhandu (MG).

O Regulamento de Exposições do CAFIB especifica que as Exposições Nacionais precisam ser julgadas por dois juízes e, embora, normalmente um julgue os machos e o outro, as fêmeas, nesta, pela primeira vez, ambos – Jonas Tadeu Iacovantuono (Guaratinguetá, SP) e Giovane Éder de Carvalho (Aparecida, SP) – avaliaram, em conjunto, todos os exemplares, independentemente do sexo. Atuaram, como juízes auxiliares, na Análise de Fenótipo e Temperamento, que antecedeu a Exposição, os integrantes do Quadro de Árbitros do CAFIB: Américo Cardoso dos Santos Jr. (Vargem Grande Paulista, SP), Fabiano Nunes (Guaratinguetá, SP), Marcus Flávio Vilasboas Moreira (Nova Serrana, MG) e Mariana Campbell (São Paulo, SP). Foram analisados 17 exemplares, sendo 15 aprovados e dois reprovados por reação desqualificante nas provas de temperamento e sistema nervoso. Joaquim Liberato Barroso (Valença, RJ) atuou como auxiliar de pista e, também, na secretaria, juntamente com Mariana Campbell – que foi, ainda, a veterinária responsável pelo evento. Nesses trabalhos de secretaria, Quinzinho e Mariana foram auxiliados por Cleide Cocito Cardoso dos Santos (Vargem Grande Paulista, SP). As fotografias e os vídeos ficaram a cargo de Cíntia Junqueira de Barros (Itanhandu, MG) e Bete Sayuri Hino (Guarulhos, SP). O figurante nas provas de ataque, para testar temperamento e sistema nervoso, foi, mais uma vez, o competente Juliano de Paula Dias (Itanhandu, MG).

Uma grata surpresa foi a chegada na secretaria de um jovem casal, procurando por integrantes da velha guarda do CAFIB para nos parabenizar pela continuidade desse trabalho de melhoramento genético, inédito na cinofilia brasileira. O rapaz, simpático, e (evidentemente) empunhando um celular, passou a exibir seu impressionante acervo de fotografias da história de nosso clube. Mostrou a galeria dos grandes Filas de outrora, as imagens de todas as capas do boletim “O Fila” e de muitos Certificados que, no início dos anos 1980, eram entregues aos expositores participantes, com as classificações e qualificações dos cães, vários deles assinados por juízes do passado, como Paulo Santos Cruz, Antônio Silva Lima, Luciano Cruz de Oliveira. E o sentimento de nostalgia, provocado pelas imagens de amigos saudosos, passou a mesclar-se com o de melancólica surpresa ao constatarmos a intensidade das mudanças que o passar das décadas provoca em cada um. Naquela sucessão de instantâneos, os veneráveis senhores de hoje – antes que a neve do tempo tivesse tingido de branco seus cabelos e barbas – imobilizavam-se, congelados, em posições acrobáticas, numa notável exibição de agilidade e coragem ao atuar nas provas de ataque.

Esse entusiasmado rapaz se apresentou como Ricardo Balbino e lembrou que seu pai, ainda muito jovem, já ajudava o avô, Olivier Balbino, titular do Canil Pico da Neblina, a apresentar seus cães nas pistas do CAFIB. Evocando a desbotada lembrança de um senhor esbelto, com cabelos e cavanhaque grisalhos, calçando botas de cano curto, lembramos que seu cão de fazenda, Lothar, foi aprovado na primeira Análise de Fenótipo e Temperamento, que realizamos em agosto de 1979, na capital paulista, com a presença de 113 exemplares inscritos; e que sua cadela, Quirita do Querequexê, recebeu o 1º lugar na classe Jovens Fêmeas, durante a 1ª Exposição Nacional do CAFIB, julgada por Paulo Santos Cruz, em junho de 1980, no Parque da Água Branca, em São Paulo (SP). Em maio de 1981, Olivier Balbino passou a colaborar mais efetivamente conosco, ao organizar a 1ª Análise de Fenótipo e Temperamento do Fila Brasileiro do CAFIB, em Suzano, na Grande São Paulo. Agradecemos, sensibilizados, a presença e o empenho do jovem Ricardo Balbino e reverenciamos a memória de seu avô, o saudoso Olivier Balbino.

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Voltando ao presente, e à 6ª Exposição do Fila Brasileiro do CAFIB em Jacareí, foram inscritos 74 exemplares e compareceram, em pista, 71, número recorde para a cidade. Desses, 9 tigrados (12,67%) disputaram o Troféu Chico Peltier instituído para incentivar o comparecimento de Filas com essa pelagem em duas categorias: com mais de 1 ano de idade e com menos de 1 ano de idade. Para a disputa de Melhor Cabeça da Exposição foram pré-selecionados 11 exemplares (3 machos e 8 fêmeas) e, para a de Melhor Temperamento da Exposição, 14 (6 machos e 8 fêmeas).

O destaque foi a classe Adultos Fêmeas, em uma impressionante combinação de quantidade e qualidade, com a presença de 18 matrizes típicas, bem estruturadas, mostrando ótima movimentação e excelentes reações nas provas de ataque.

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O CAFIB – que neste evento contou com o patrocínio das Rações Magnus (Adimax) – registra e agradece a presença do diretor do Instituto de Zootecnia da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), Alexandre Herculano, e a dos expositores, criadores e entusiastas da raça Fila Brasileiro dos estados de Goiás (Aparecida de Goiânia), Minas Gerais (Campo Belo, Cordisburgo, Itanhandu e Nova Serrana), Rio de Janeiro (Niterói, Rio de Janeiro, Seropédica e Valença), São Paulo (Aparecida, Biritiba Mirim, Bragança Paulista, Cruzeiro, Guararema, Guaratinguetá, Guarulhos, Itatiba, Jacareí, Paraibuna, São Bernardo do Campo, São Carlos, São José dos Campos, São Paulo e Vargem Grande Paulista), totalizando 24 cidades, com destaque para o estado de São Paulo, representado por 15 municípios.

O Troféu FILEIRO DA ESTRADA, destinado ao expositor que veio de mais longe, foi entregue a Alessandro Castro Bueno, vindo de Aparecida de Goiânia (GO). E os vencedores das principais premiações foram:

MELHOR MACHO: Major V Guardiães do Caracu, de Wilson Vilella (Campo Belo, MG)

MELHOR FÊMEA: Bailarina do Boca Negra, de Felipe Medeiros (Cruzeiro, SP)

MELHOR CABEÇA: Marruá V Guardiães do Caracu, de Wilson Vilella (Campo Belo, MG)

MELHOR TEMPERAMENTO: Lyoto Fila Roots, de Alessandro Castro Bueno (Aparecida de Goiânia, GO)

A relação completa das premiações, nas diversas classes desta 6ª Exposição de Jacareí, acompanhada pelas fotos dos três mais bem colocados em cada uma, será publicada, por nossa Diretoria de Divulgação, em breve, no site: www.cafibbrasil.com, ou www.cafib.org.br. E a próxima etapa deste 1º Campeonato Mundial do Fila Brasileiro do CAFIB será realizada na capital do Piauí: a 2ª Exposição do Fila Brasileiro de Teresina, mais uma vez organizada por Léo de Souza Lima, titular do Canil Itapi, com a colaboração de Gorthon Lima Moritz, do Canil Recanto Moriá, e, este ano, auxiliados também por Vitor Abreu de Souza, sócio de Léo no Canil Itapi, e por Aluísio Mello Filho, do Canil Realengo.

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