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Circular Expo Teresina 2018

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1ª Exposição do Fila Brasileiro de Teresina

Expo Teresina

O CAFIB, em seus 40 anos de contínua e rigorosa atuação em prol do melhoramento genético do Fila Brasileiro, volta a expandir suas fronteiras, agora mais uma vez na Região Nordeste, onde nossas primeiras bandeiras já tinham sido fincadas nos territórios da Bahia e de Pernambuco. Agora, no dia 16 de junho deste ano de 2018, começamos a avaliar o plantel do Piauí, topônimo que, na língua Tupi, significa “rio das piabas”.Ao longo de sua história, essa unidade da federação enfrentou diversas polêmicas para definir o contorno de seu território. As terras piauienses, até 1714, pertenceram a Pernambuco e Bahia. Em 1715, essa região foi anexada à Capitania do Maranhão, da qual desmembrou-se em 1718, para formar a Capitania do Piauí, que teve como primeira capital a cidade de Oeiras. Em 1821 tornou-se uma província e, no ano seguinte, com a Proclamação da Independência do Brasil, foi das poucas que ainda continuaram, temporariamente, como colônias portuguesas, só se tornando independente a partir da Batalha do Jenipapo, em 1823. Em 1852, sua capital foi transferida para Teresina, denominação criada a partir da junção dos dois primeiros nomes da imperatriz Teresa Cristina Maria de Bourbon, considerada responsável por intermediar essa mudança junto a seu marido, o imperador Dom Pedro II. O atual estado do Piauí foi oficialmente constituído em 1889, com a Proclamação da República, mas as questões de divisas com o Maranhão e com a Bahia só foram resolvidas nas primeiras décadas do século XX. No entanto, com o Ceará, o litígio ainda permanece, abrangendo uma área de quase 3.000 km², na Serra do Ibiapaba, que passou a ser conhecida como “Cerapió” ou “Piocerá”, ou, também, “Faixa de Gaza do Nordeste”. É que, em 1880, em decorrência de um decreto imperial de Dom Pedro II, o Ceará tinha cedido um pedaço de seu litoral ao Piauí, que precisava ter acesso ao mar para exportar seu algodão (considerado o melhor do Brasil), recebendo, em troca, a área onde fica hoje o município de Crateús, mas essa divisa foi demarcada de forma imprecisa. Ali, até hoje, a população sofre as mazelas de uma terra sem lei, onde a polícia não atua e nenhuma prefeitura investe. Segundo o censo 2010 do IBGE – que não define a quem pertence essa área, por alegar que não lhe cabe delimitar divisas de territórios –, 80% das famílias lá residentes não contam com água, estradas, escolas e postos de saúde. O grande atrativo dessa região é o “Enduro Rally Cerapió/Piocerá”, uma iniciativa conjunta dos dois estados, que comemorou 30 anos em 2017, com a participação de 600 competidores nas categorias carros, motos, UTVs, quadriciclos e bikes, por cerca de 1.000 km de trilhas iniciadas no sertão e terminadas à beira-mar. Esse tradicional evento – que conta com fortes patrocinadores e a presença de competidores de todo o Brasil e de diversos países da América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia –, além da ferrenha competição ao longo de trilhas acidentadas, cruzando dunas e solo rochoso, também é marcado por iniciativas sociais, como o “Projeto Rallyteca”, que, neste ano, distribuiu 10.000 livros ao longo do caminho e a ação “De Olho na Trilha”, que realiza atendimentos oftalmológicos e distribui óculos aos necessitados.

Uma curiosidade é que, dos nove estados nordestinos – todos banhados pelo Oceano Atlântico –, Teresina é a única capital situada fora da região costeira, porque sua colonização não foi iniciada pelo litoral, mas por criadores de gado vindos da Bahia e que subiam rumo ao norte em busca de melhores pastagens para seus rebanhos. Além disso, de todos os estados federativos, o Piauí, espremido entre o Ceará e o Maranhão,é o que apresenta a menor frente para o mar, com apenas 66 kmde costa. Teresina se vangloria de ter sido a primeira capital oficialmente planejada do Brasil, construída em traçado geométrico, com logradouros simetricamente dispostos em linhas paralelas, todas partindo do Rio Parnaíba em direção ao Rio Poty. Por sua região central estar situada entre esses dois rios, a cidade foi apelidada de “Mesopotâmia do Nordeste”. E, também, costuma ser chamada de “Cidade Verde” – designação criada pelo escritor maranhense Coelho Neto –, em virtude de sua densa cobertura vegetal. Alguns se referem, ainda, a essa área, como “Chapada do Corisco”, pois Teresina é a terceira cidade do mundo em índice de incidência de raios, ou descargas elétricas.

Outra curiosidade, essa nada agradável, é a alta presença, na região, de um inseto coleóptero popularmente conhecido como potó, e que alguns chamam, também, de péla-égua, ou fogo selvagem, e que no Peru, recebe a sinistra denominação de aranha de drácula. Seu nome científico é Paederus irritans e ele elimina uma substância cáustica que causa sérias lesões na pele das pessoas, como dermatite epidêmica e necrose cutânea. Muitos acreditam que essas feridas sejam causadaspela urina do potó, enquanto outros afirmam que elas são provocadas por uma toxina que se espalha quando a vítima, ao sentir a comichão provocada pela caminhada do inseto sobre a pele e por baixo das roupas, inadvertidamente o esmaga ao se coçar. Durante este evento do CAFIB, nos deparamos com o potó caminhando pelas calçadas e até sobre a mesa do restaurante, além de termos visto, em alguns participantes, essas temíveis lesões provocadas por ele.

Na gastronomia do Piauí, um ingrediente fundamental é a carne de sol, geralmente desfiada e, que, acompanhada de arroz cozido, constitui um dos principais pratos da culinária local, o “Maria Isabel”. Também são destaques do cardápio piauiense a “Galinha à Cabidela”, a “Paçoca”, o “Baião de Dois”, o “Sarapatel” e a “Panelada”. Esse setor é tão forte no estado, que um de seus eventos mais tradicionais é o “Festival Gastronômico Cabritos & Cordeiros”, especializado em receitas de carnes de caprinos e ovinos. A bebida típica é a cajuína, não alcoólica, clarificada, esterilizada, preparada a partir do suco do caju e que foi adotada como símbolo cultural da cidade de Teresina, além de ser considerada Patrimônio Cultural do Estado. Sua coloração típica, de um tom amarelo-âmbar, resulta da caramelização de seus açúcares naturais. O cajueiro (Anacardium occidentale) é uma árvore nativa do Brasil e, antes do descobrimento, o caju já era largamente utilizado pelos povos indígenas para o preparo de diversas receitas de alimentos e de bebidas fermentadas.

Aliás, por falar em caju, o Piauí, recentemente, quebrou um recorde até então pertencente ao Rio Grande do Norte, que se orgulhava de abrigar, em Parnamirim, na Grande Natal, o maior cajueiro do mundo, registrado no Guinness Book (o livro dos recordes) em 1994 e que produz, todo ano, cerca de 80 mil cajus, o que corresponde a duas toneladas e meia por safra. É que, em 2016, foi concluída uma pesquisa,solicitada pela Secretaria de Turismo do Estado (SETUR) e conduzida por cientistas do Laboratório de Biologia Molecular e Estudos de Injúrias Biológicas da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) – assinada também por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) –, e divulgada internacionalmente em um artigo de sete páginas na conceituada “Geneticsand Molecular Research”, comprovando que, no município de Cajueiro da Praia, no extremo norte do litoral piauiense, um pé de caju, com cerca de 200 anos de idade, originário de uma única castanha e justificadamente apelidado de “Cajueiro-Rei”, constitui uma árvore gigantesca, que espalha sua sombra sobre uma área de incríveis 8.810 metros quadrados.A prefeitura potiguar, na contraofensiva, já construiu um caramanchão para que a árvore do Rio Grande do Norte avance por cima da estrada e está estudando a desapropriação e a demolição de casas no seu entorno com objetivo de abrir espaço para seu crescimento. Os ferrenhos norte-rio-grandenses argumentam que só quando o seu cajueiro da Praia do Pirangido Norte parar de crescer (o que eles garantem que não deve acontecer tão cedo) é que os concorrentes do Piauí poderão reivindicar o título. Ainda como curiosidade, vale lembrar que o caju é um pseudofruto, pois sua parte suculenta é, na verdade, o pedúnculo floral, enquanto o fruto propriamente dito é constituído pela castanha.

Expo Teresina

Esta 1ª Exposição do Fila Brasileiro de Teresina, promovida pelo CAFIB, nos fez recordar a época do início de nosso trabalho, no fim dos anos 1970. Acho que vale lembrar, para os criadores mais novos, o resumo de uma história já muitas vezes contada. Naquele tempo, o BKC (Brasil Kennel Clube, então entidade mater da cinofilia nacional, antes de ter se transformado na atual CBKC – Confederação Brasileira de Cinofilia) enfrentava o constrangimento de tentar explicar o inexplicável para os juízes estrangeiros, convidados para julgar seus eventos e que ficavam estarrecidos diante da heterogeneidade escandalosa apresentada pela raça Fila Brasileiro nas pistas. Esse caos se devia à mestiçagem feita por alguns criadores, que, de forma desordenada e sem qualquer critério científico, padreavam suas cadelas Filas com reprodutores de outras raças, principalmente Mastiff, MastinoNapoletano e Dogue Alemão, mas comunicavam as coberturas como se tivessem sido feitas por um Fila Brasileiro e, portanto, registravam os filhotes nascidos como Filas puros, para os quais eram emitidos pedigrees com genealogias mentirosas. Dos cruzamentos, também desordenados, entre esses mestiços é que foi resultando a salada mista em que a raça havia se transformado. O próprio BKC, então, criou a chamada Comissão de Aprimoramento do Fila Brasileiro– CAFIB, com o objetivo de moralizar essa situação vexatória. Ocorreu que – talvez porque o BKC não tivesse se dado conta da espantosa extensão que a mestiçagem e os pedigrees falsificados já tinham alcançado, ou porque não esperasse que os integrantes da Comissão fossem se empenhar de forma tão ferrenha na missão que lhes tinha sido atribuída – a polêmica foi ficando cada vez mais acirrada. Nós, da CAFIB, não parávamos de denunciar irregularidades e de cobrar providências. E o BKC sentia-se impotente para resolver a questão porque, na época, o Fila Brasileiro era a raça mais popular do País, para a qual se emitiam milhares de pedigrees por ano, o que gerava uma renda colossal, da qual aquele “cartório cinófilo”, evidentemente, não queria abrir mão. O impasse terminou com um ultimato do BKC, ameaçando de eliminar-nos de seu quadro de árbitros caso continuássemos com as ações da CAFIB. Com isso, foram sumariamente expulsos do Brasil Kennel Clube os juízes Paulo Santos Cruz, Airton Campbell, Roberto Maruyama, Marília Penteado Maruyama e Américo Cardoso dos Santos Jr. Já Francisco Peltier de Queiroz, que não era juiz e, portanto, não pôde ser expulso daquela seleta corporação, foi severamente punido com a outorga do ultrajante título de “persona non grata”. Devidamente banidos, transformamos a Comissão em Clube, mantendo a mesma sigla CAFIB, e continuamos a desempenhar, com o mesmo rigor, nossas ações de melhoramento genético da raça. Com o correr do tempo, nosso trabalho foi alcançando reconhecimento internacional, nossas análises e julgamentos se estenderam para outros países da América do Sul, além de América do Norte e Europa, e o CAFIB (que substituiu a CAFIB) e a CBKC (que substituiu o BKC) foram aparando suas arestas, evoluindo para um relacionamento pacífico. Vários criadores e proprietários de Filas já obtiveram pedigrees da CBKC para seus cães a partir dos documentos emitidos pelo CAFIB. Por isso, causou-nos muita surpresa, ao chegar a Teresina, constatar que essa antiga polêmica, há tantos anos superada aqui no Centro-Sul, continua acirrada no Nordeste. Soubemos, então, que o Kennel Clube local havia ameaçado de punir seus associados que tivessem o desplante de comparecer à nossa Análise de Fenótipo e Temperamento, seguida de Exposição para os cães aprovados. Essa pretenciosa atitude ditatorial, evidentemente não foi levada a sério pelos criadores, além de não contar com amparo legal porque fere o direito de ir e vir dos cidadãos livres deste país. E, assim, este nosso primeiro evento no Piauí foi um sucesso, contando com a presença de 41 cães na Análise.

Expo Teresina

O palco da mostra foi a conhecida Fazenda Vale do Leite, uma referência local na produção de laticínios, situada no Povoado de Cacimba Velha e que faz parte do Primeiro Roteiro de Turismo Rural elaborado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SEMDEC) da Prefeitura de Teresina. Entre criadores, expositores e espectadores, compareceram participantes de 10 cidades pertencentes a quatro estados da federação. O Piauí foi representado por Teresina e Timon; o Maranhão, por São Luís e Caxias; Minas Gerais, por Itanhandu e Passa Quatro; e São Paulo, por Aparecida, Descalvado, São Paulo e Vargem Grande Paulista. A mostra foi muito bem organizada por Léo de Souza Lima, titular do Canil Itapi,que contou com a colaboração de Gorthon Lima Moritz, do Canil Recanto Moriá, ficando os trabalhos de secretaria a cargo de Denise Gavião e Mariana Campbell. As fêmeas foram julgadas por Américo Cardoso dos Santos Junior e os machos por Luciano Gavião, que também foi o veterinário responsável pelo evento, tendo como auxiliares de pista Giovani Éder de Carvalho e Mariana. Colaboraram, ainda, para o sucesso da mostra, Cíntia e Gérson Junqueira de Barros, acompanhados pelo experiente Juliano de Paula Dias, do Canil Itanhandu, que prestou importante auxílio na colocação e na leitura dos chips, além de atuar como figurante nas provas de temperamento.

Dos 41 exemplares analisados, 17 foram reprovados, sendo 14, por reação desqualificante nas provas de temperamento e sistema nervoso, dois por atipicidade e um por falta dentária. Dos 24 aprovados, 22 participaram da Exposição.

Expo Teresina

Uma novidade que agradou bastante os expositores e o público presente foi o julgamento comentado, prática cada vez mais frequente nas mostras do CAFIB. Depois de cada classe julgada, Luciano e Américo, faziam uma breve explanação justificando a classificação e as qualificações outorgadas, o que torna transparente e didática a atuação dos juízes.

O resultado das principais classes foi o seguinte:

Melhor Macho:Sagu do Itanhandu, de Aluísio R. Mello Filho (Canil Realengo, de São Luís, MA)

Melhor Fêmea:AzizaFortal dos Filas,de WolnerMoura Santos Filho (Canil Tabocas, de Teresina, PI)

Melhor Cabeça: Sereia do Itanhandu, de Léo de Souza Lima e Vitor Abreu de Souza (Canil Itapi, de Teresina, PI)

Melhor Temperamento: AzizaFortal dos Filas,de Wolner Moura Santos Filho (Canil Tabocas, de Teresina, PI)

Melhor Tigrado (menos de 1 ano):ShogumPiedras de Afilar, de Leo de Souza Lima e Vitor Abreu de Souza (Canil Itapi, de Teresina, PI)

Melhor Tigrado (mais de 1 ano): AzizaFortal dos Filas,de Wolner Moura Santos Filho (Canil Tabocas, de Teresina, PI)

Expo Teresina

O resultado completo desta mostra será brevemente publicado por nossa Diretoria de Divulgação, no site: www.cafibbrasil.com. E nosso próximo evento será a 4ª Exposição do Fila Brasileiro de Três Corações (MG), no dia 19 de agosto de 2018, a ser julgada por Luciano José de Almeida Gavião (Descalvado, SP) e Paulo Augusto Monteiro de Moura (Belo Horizonte, MG).

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